atualizado em 15/04/2023
BAILE DE GALA DO TEATRO MUNICIPAL TERMINA EM PANCADARIAFOI O INÍCIO DO FIM DOS LUXUOSOS BAILES DE SALÃO
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O baile de gala do Municipal era o ponto alto do carnaval. Atrações internacionais eram convidadas para a festa com a exigência do traje e rigor ou fantasias de luxo. Nos anos sessenta Kirk Douglas foi a estrela principal. Fez uma entrada triunfal vestido de gladiador, roupa que usou no filme Spartacus do diretor Stanley Kubrick. Kirk resolveu subir os degraus da entrada do teatro de maneira espetacular, exibindo seus músculos, e de cabeça para baixo, fazendo um movimento que na ginástica é conhecido como parada e popularmente como "plantar bananeira". Estamos no carnaval de 1975, seria o último baile, tinha de ser em grande estilo. E foi, mas de maneira insólita. Toda a imprensa estava presente, para acompanhar a grande atração, a princesa Soraya da Pérsia, atual Irã, verdadeira rainha, no auge da beleza e da fama. Estava sendo ciceroneada pelo cronista social Ibrahim Sued, e tinha vários camarotes à sua disposição, inclusive o da revista Manchete. Havia um pequeno, mas importante detalhe, a bela princesa estava com roupas comuns e com máscara que cobria todo seu rosto, o que tornava impossível sua identificação. Ela não queria ser fotografada na folia carioca. Fui ao baile à serviço do extinto Diário de Noticias na época em agonia, em estado terminal sob a regência de Olímpio Campos, eu exercia o cargo de editor de fotografia. O jornal estava descendo a ladeira, salário nem pensar, dinheiro somente sob a forma de vales, que diziam as más línguas pelos bares da vida eram fornecidos pela contravenção. O grande jornalista Valdinar Ranulfo havia me chamado para reforçar a equipe de carnaval da Ultima Hora. Teria de fazer também a cobertura para a revista Romântica da Editora Vecchi. O baile oficialmente terminaria às quatro horas da madrugada, mas os foliões não arredavam pé, e a orquestra resolveu animar a festa durante mais meia hora. Mas quem ficou queria mais, muito mais e foi dada nova prorrogação até as cinco da manhã. As equipes de televisão,jornais e revistas estavam no limite, muitos foram embora, tremendo erro, uns liberados pelas chefias, outros vencidos pelo cansaço. Resolvi ficar, insistir, pressenti que havia alguma coisa estranha no ar, seguindo a máxima do velho guerreiro: "A festa só acaba quando termina".
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