segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O ULTIMO BAILE DO TEATRO MUNICIPAL

atualizado em 15/04/2023
BAILE DE GALA DO TEATRO MUNICIPAL TERMINA EM PANCADARIA
FOI O INÍCIO DO FIM DOS LUXUOSOS BAILES DE SALÃO 
photo by alcyr cavalcanti all rights reserved

O baile de gala do Municipal era o ponto alto do carnaval. Atrações internacionais eram convidadas para a festa com a exigência do traje e rigor ou fantasias de luxo. Nos anos sessenta Kirk Douglas foi a estrela principal. Fez uma entrada triunfal vestido de gladiador, roupa que usou no filme Spartacus do diretor Stanley Kubrick. Kirk resolveu subir os degraus da entrada do teatro de maneira espetacular, exibindo seus músculos, e de cabeça para baixo, fazendo um movimento que na ginástica é conhecido como parada e popularmente como "plantar bananeira". Estamos no carnaval de 1975, seria o último baile, tinha de ser em grande estilo. E foi, mas de maneira insólita. Toda a imprensa estava presente, para acompanhar a grande atração, a princesa Soraya da Pérsia, atual Irã, verdadeira rainha, no auge da beleza e da fama. Estava sendo ciceroneada pelo cronista social Ibrahim Sued, e tinha vários camarotes à sua disposição, inclusive o da revista Manchete. Havia um pequeno, mas importante detalhe, a bela princesa estava com roupas comuns e com máscara que cobria todo seu rosto, o que tornava impossível sua identificação. Ela não queria ser fotografada na folia carioca. Fui ao baile à serviço do extinto Diário de Noticias na época em agonia, em estado terminal sob a regência de Olímpio Campos, eu exercia o cargo de editor de fotografia. O jornal estava descendo a ladeira, salário nem pensar, dinheiro somente sob a forma de vales, que diziam as más línguas pelos bares da vida eram fornecidos pela contravenção. O grande jornalista Valdinar Ranulfo havia me chamado para reforçar a equipe de carnaval da Ultima Hora. Teria de fazer também a cobertura para a revista Romântica da Editora Vecchi. O baile oficialmente terminaria às quatro horas da madrugada, mas os foliões não arredavam pé, e a orquestra resolveu animar a festa durante mais meia hora. Mas quem ficou queria mais, muito mais e foi dada nova prorrogação até as cinco da manhã. As equipes de televisão,jornais e revistas estavam no limite, muitos foram embora, tremendo erro, uns liberados pelas chefias, outros vencidos pelo cansaço. Resolvi ficar, insistir, pressenti que havia alguma coisa estranha no ar, seguindo a máxima do velho guerreiro: "A festa só acaba quando termina".
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De repente começa uma discussão, seguida de um empurra-empurra, que iria acabar em pancadaria generalizada. Cadeiras voavam, mesas e garrafas quebradas, socos, "voadoras", pontapés, um fim de festa para ser lembrado por uns e esquecido por outros. Somente Evandro Teixeira pelo JB e eu conseguimos registrar a pancadaria que iria motivar em definitivo bailes de Carnaval no Teatro. Fui para  o laboratório da Ultima Hora revelar os filmes, aí um complicador, o laboratorista não estava e chegou em plana manhã ainda sob os efeitos da ressaca. No fim de toda essa epopeia  fui recompensado,  a Ultima Hora publicou uma sequência de quatro fotos em sua edição de carnaval, muito disputada por todos, era o único jornal distribuído durante a folia, ainda na terça feira. Minhas fotos tiveram grande repercussão, foram vendidas para o exterior e a TV Globo usou as imagens fixas por intermédio do jornalista Mauro Costa, chefe de reportagem. O fato causou a demissão do repórter fotográfico Rubens Seixas do Globo. Não foi levado em conta a excelência de seu trabalho em milhares de imagens publicadas no jornal. Ele estava no lugar errado e não fez um fotograma sequer.
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Minhas fotos foram vendidas, só consegui receber pequena parte das vendas, mesmo assim por ter sido alertado pelo querido amigo Carlos Mesquita que me avisou que rapidamente estavam negociando as imagens, e provavelmente não iriam me avisar. Terminei o carnaval passeando na Cinelândia com minha mulher e filhas, depois da missão cumprida após a maratona da folia, saboreando um gostinho de vitória. Era o começo do fim dos grandes bailes de gala em salões luxuosos.

domingo, 13 de janeiro de 2013

RUBEM BRAGA, O FAZENDEIRO DO AR

CRÔNICAS INÉDITAS DE RUBEM BRAGA LANÇADAS EM LIVRO
O "Velho Braga" como era conhecido entre os amigos é considerado o pai da crônica moderna brasileira, com mais de 15 mil publicadas em diversos jornais e revistas. A editora Global lança "O poeta e outras crônicas de literatura e vida" com diversas crônicas de Rubem em conversas e visitas a seus amigos escritores como Manuel Bandeira, Drummond de Andrade, Clarice Lispector e outros amigos.  Em janeiro de 2013 foi celebrado o centenário do grande escritor capixaba que faleceu em 19 de dezembro de 1990. Foi um amante da natureza e de belas mulheres (não necessariamente nessa ordem)teve vários amores e foi casado com a escritora Zora Seljan,como ele militante comunista. Para o escritor Fernando Sabino "Braga pegava todas as mulheres, não deixava nenhuma para os amigos". Com a atriz Tônia Carrero viveu uma intensa paixão em Paris. A Editora Record vai publicar em homenagem ao centenário do escritor Retratos Parisienses, organizado por Augusto Massi, com reportagens escritas entre 1949 a 1952 quando era correspondente do Correio da Manhã na França.
foto Alcyr Cavalcanti all rights reserved
Tive o privilégio de conhecer o escritor, quando em serviço para a Ultima Hora em 1973, na sua cobertura na rua Barão da Torre em Ipanema, verdadeiro oásis cheio de arvores frutíferas, em meio a uma floresta de concreto. Braga estava no ápice da felicidade em companhia da atriz Darlene Gloria, no auge de uma beleza estonteante.
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O fotógrafo Paulo Garcez acompanhou Rubem Braga em diversos momentos, e fez um registro histórico da intelectualidade que frequentava os bares do eixo Ipanema/Leblon.
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Rubem Braga, Paulo Garcez e Maria Alice em noite de autógrafos. O "Urso" como era conhecido mandou colocar em seu Jardim Suspenso um cartaz situado estrategicamente bem na entrada: "Aqui vive um solteiro feliz", e no meio do jardim uma estátua eternizando uma de suas paixões, Bluma Wainer, de autoria do escultor Alfredo Ceschiatti.